Eu ia colocar como título: “porque gosto da série Girls?” Não
é uma questão de gostar. É começar a assistir e não parar porque Lena Dunham
consegue, sem querer talvez, pegar no ar
o que não conseguimos definir em palavras o que anda acontecendo com as garotas
da minha geração. Quando eu falo minha geração estou me referindo à esta faixa
etária entre 20 e 30 anos que tem medo do HPV, já passaram por uma infecção
urinária, se sentiram pressionadas e involuntariamente desenvolveram algum tipo
de transtorno psicológico seja ele traduzido em comer excessivamente ou no uso de fitoterápicos ou mesmo uma caixa de
remédio com tarja preta. Surgimos com os clipes da MTV e crescemos junto com a
evolução da internet: da discada à fibra ótica. Do celular tijolo às inovações
do iphone. Num espaço de 15 anos vivenciamos tudo isso e muito mais: quebra de
valores e paradigmas.
Eu diria que vivemos uma época de transição onde estar num
período de transição entre meninisse e maturidade é não querer sair de um
estágio nem de outro.
Porque estou escrevendo sobre isso aqui? Acabo de terminar a
segunda temporada de Girls e não recomendo que você assista a não ser que tenha
entre 20 e 30 anos e tenha uma alma feminina. Não, a série não é feminista,
muito pelo contrário... mas é sobre nós, essas merdinhas ambulantes que comeram
muito big mac com 13 anos porque era novidade. E o que mais assusta é que ela
se passa em Nova York. Quanta pasteurização! Eu, uma interiorana perdida
em São Paulo, estou aqui de pijamas,
óculos, meias furadas, sentada na mesma cadeira à dois dias tentando escrever
minha qualificação de mestrado que precisa ser entregue em um mês quase
enloqueço junto com Hanna, que tem um mês para entregar um livro ao seu editor.
Não é à toa que as personagens chegam a nos irritar! Tentar repelir as atitudes
delas é meio que se identificar. Não é querer ser Hanna, Marnie, Shoshana ou
Jessa... é ser um pouco de cada e não querer ser.
Falem o que quiser, mas Lena Dunham ganhou meu respeito. Ela
não é porta voz de uma geração porque não levanta bandeira de nada, mas
conseguiu dar forma à situação....mais ou menos na mesma medida quando Jack
Kerouac escreveu On the road e traduziu o espírito beatnik. Quem seremos nós
daqui uns 20 anos? Os hipsters? Geeks? Naturebas? Ambientalistas? Que que é
isso tudo?
O mais conflitante é pensar isso dentro de um contexto
brasileiro onde zilhões de jovens não tem acesso à esse tipo informação, vida,
dramatização e etc. O que no fundo estou querendo dizer é que Girls, eu, minh@s
amig@s, somos tod@s um bando de burgueses dramáticos (mesmo repelindo a burguesia) vivendo as experiências da
contemporaneidade sem conseguir amarrar as coisas já que muitos valores,
convenções sociais e etc. já foram por água baixo.
No
fundo, e no fim, só queremos um abraço.
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