terça-feira, 26 de março de 2013

Porque assisto a série Girls?



Eu ia colocar como título: “porque gosto da série Girls?” Não é uma questão de gostar. É começar a assistir e não parar porque Lena Dunham consegue, sem querer talvez,  pegar no ar o que não conseguimos definir em palavras o que anda acontecendo com as garotas da minha geração. Quando eu falo minha geração estou me referindo à esta faixa etária entre 20 e 30 anos que tem medo do HPV, já passaram por uma infecção urinária, se sentiram pressionadas e involuntariamente desenvolveram algum tipo de transtorno psicológico seja ele traduzido em comer excessivamente ou  no uso de fitoterápicos ou mesmo uma caixa de remédio com tarja preta. Surgimos com os clipes da MTV e crescemos junto com a evolução da internet: da discada à fibra ótica. Do celular tijolo às inovações do iphone. Num espaço de 15 anos vivenciamos tudo isso e muito mais: quebra de valores e paradigmas.
Eu diria que vivemos uma época de transição onde estar num período de transição entre meninisse e maturidade é não querer sair de um estágio nem de outro.
Porque estou escrevendo sobre isso aqui? Acabo de terminar a segunda temporada de Girls e não recomendo que você assista a não ser que tenha entre 20 e 30 anos e tenha uma alma feminina. Não, a série não é feminista, muito pelo contrário... mas é sobre nós, essas merdinhas ambulantes que comeram muito big mac com 13 anos porque era novidade. E o que mais assusta é que ela se passa em Nova York. Quanta pasteurização! Eu, uma interiorana perdida em  São Paulo, estou aqui de pijamas, óculos, meias furadas, sentada na mesma cadeira à dois dias tentando escrever minha qualificação de mestrado que precisa ser entregue em um mês quase enloqueço junto com Hanna, que tem um mês para entregar um livro ao seu editor. Não é à toa que as personagens chegam a nos irritar! Tentar repelir as atitudes delas é meio que se identificar. Não é querer ser Hanna, Marnie, Shoshana ou Jessa... é ser um pouco de cada e não querer ser.


Falem o que quiser, mas Lena Dunham ganhou meu respeito. Ela não é porta voz de uma geração porque não levanta bandeira de nada, mas conseguiu dar forma à situação....mais ou menos na mesma medida quando Jack Kerouac escreveu On the road e traduziu o espírito beatnik. Quem seremos nós daqui uns 20 anos? Os hipsters? Geeks? Naturebas? Ambientalistas? Que que é isso tudo?
O mais conflitante é pensar isso dentro de um contexto brasileiro onde zilhões de jovens não tem acesso à esse tipo informação, vida, dramatização e etc. O que no fundo estou querendo dizer é que Girls, eu, minh@s amig@s, somos tod@s um bando de burgueses dramáticos (mesmo repelindo a burguesia) vivendo as experiências da contemporaneidade sem conseguir amarrar as coisas já que muitos valores, convenções sociais e etc. já foram por água baixo.

No fundo, e no fim, só queremos um abraço.


Nenhum comentário:

Postar um comentário